O MUNDO DA VIOLÊNCIA: Repressão e Estado policial na Era Vargas
Elizabeth Cancelli
Essa é a terceira edição do Mundo da violência, que agora recebe o título original da tese de doutorado defendida por Elizabeth Cancelli na Universidade de Campinas. Há muito esgotado, o livro trata de desvendar os meandros de poder do Regime Varguista no período entre os anos 1930 e 1945. Suas fontes documentais foram colhidas no Brasil e nos Estados Unidos, e é, a partir de minuciosa análise documental, que O Mundo da Violência: o Estado policial na Era Vargas é analisado. Do controle da população, da disseminação do medo e do terror à vida nas prisões, o livro busca a maneira pela qual o projeto político inaugurado pelo golpe de 1930, alcunhado de Revolução, tece suas teias e exerce seu poder. Trata-se de abordagem que analisa também a maneira personalizada com que Vargas tratava os problemas de perseguição política da polícia, controlando-a de forma paralela e autônoma em relação à lei e dando ao seu chefe total autonomia em relação ao Ministério da Justiça e o dever de reportar-se apenas à Presidência da República. A abordagem evidencia por si só a importância do aparato policial na estruturação do Regime e coloca em xeque interpretações que atribuem a Felinto Muller, o brutal ex-chefe de Polícia do Distrito Federal, o trabalho de controlar e reprimir, eximindo Vargas e o projeto político por ele personalizado das escolhas de aproximação com o fascismo. O lançamento da terceira edição do livro vem em boa hora. Faz-se necessário entender como o fascismo está arraigado na vida política brasileira, não apenas na alma dos descendentes da fraude do Plano Cohen que ganharam protagonismo político nos últimos anos, mas na crença em projetos de força em nome de alguma coisa ou de alguém, mas sempre em detrimento da vida e da democracia.
Foundations, US Foreign Policy and Anti-Racism in Brazil: Pushing Racial Democracy
Elizabeth Cancelli, Gustavo Mesquita e Wanderson Chaves
This book connects the work of US private foundations, the US government, and Brazilian intellectuals to explore how they worked collaboratively to address racial disparities in Brazil during the Cold War. It reveals not only how anti-racism was promoted during this period, shaping the political and academic agenda, but also the importance of American foundations, especially the Rockefeller and Ford Foundations, in the process.
Drawing on a vast array of archival and published sources from Brazil, the United States, and around the world, the book investigates the making of transnational connections and networks that sought to respond to the "race problem", seen as an increasingly dangerous threat to the liberal international order.
U.S. Power and the Social State in Brazil: Legal Modernization in the Global South
Júlio Cattai
The book analyzes the elite-led efforts to transform the Brazilian legal order in the period between 1930–1975 and how U.S. Power played a major role in such a process. Besides the global circulation of ideas, the book discusses the Brazilian institutional development in the period.
A profound "Crisis of Civilization" marked the first decades of the century: the references of space and time vanished with the vertiginous expansion of cities and industries, while a myriad of immigrants and former slaves were alleged to be threatening the country’s traditions. Brazilian elites blamed liberalism for such a "Crisis". Based on a decade of research, this book centralizes Brazilian history in liberalism and offers a genealogy of the jurisprudential and institutional struggles to correct the culture of laissez-faire. Using archival sources, it shows the direct U.S. influence on Brazilian thought and development. Recasting the history of legal ideas in the 20th century and providing novel interpretations on major political processes, it offers a rigorous and fresh look at the development of liberalism in the country.
O diário de um Norte-Americano na ditadura – Alfred Knopf no Brasil
Elizabeth Cancelli
A publicação traz a público o diário inédito de um dos mais importantes editores norte-americanos de sua geração: Alfred Abraham Knopf. Nascido em Nova Iorque, Knopf, juntamente com sua primeira esposa e companheira de trabalho, Blanche, foi um apaixonado pelo Brasil. Amigo de intelectuais, artistas e empresários brasileiros, Knopf, já viúvo, acabou casando-se em segundas núpcias no Rio de Janeiro. Em viagem com essa segunda esposa, escreveu um longo diário e suas impressões sobre a vida, as cidades, as pessoas e a ditadura brasileira que presenciaria em 1969. No navio que zarpa de Nova Yorque e o traz ao Rio, Knopf torna-se amigo do embaixador norte-americano Charles Elbrick, que acabaria sendo sequestrado em poucas semanas. É com este rico material de trabalho que Elizabeth Cancelli situa as personagens e as impressões de Knopf em meio aos turbulentos anos de ditadura.
Guerra Fria e Brasil: para a agenda de integração do negro na sociedade de classes
Elizabeth Cancelli, Gustavo Mesquita e Wanderson Chaves
Este livro foi concebido pelo esforço conjunto de três historiadores preocupados em identificar, a partir dos marcos iniciais de interpretação solidificados pelas Ciências Sociais, a agenda antirracista. Eles seguem, ao longo de suas pesquisas, os rastros de ampliação desta agenda que informará as orientações políticas e acadêmicas antirracistas ao longo das décadas de 1950, 1960 e 1970. Este rastreamento historiográfico mostra como foram construídas as balizas para o esforço de “inserção do negro na sociedade de classes”.
Os autores, valendo-se de fontes originais e de farta literatura produzida no Brasil e no exterior, desnudam como a disciplina das Ciências Sociais foi tida como capaz de identificar os pontos essenciais do problema de exclusão do negro e apontar caminhos para a promoção de mudanças sociais, mudanças essas consideradas fundamentais na Guerra Fria para a luta travada contra o perigo totalitário. Trata-se, como poderá ser constatado ao longo da leitura dos três capítulos, intimamente articulados, que compõem este livro, de uma agenda internacional, na qual a “integração do negro na sociedade de classes” constituiu-se como amarra fundamental e que, no Brasil, contou com a relevante contribuição acadêmica de um dos mais respeitados e sérios intelectuais das Ciências Sociais: o sociólogo Florestan Fernandes.
State Violence, Torture, and Political Prisoners: On the Role Played by Amnesty International in Brazil During the Dictatorship (1964–1985)
Renata Meirelles
This book discusses the activities of Amnesty International during the period of Brazil’s dictatorship (1964–1985). During the dictatorship, Amnesty assisted political prisoners who were submitted to torture and helped to publicise charges of torture against agents of the military regime’s repressive apparatus. Through a specific examination of Amnesty’s work with Brazilian political prisoners, this book explores how Amnesty adapted its organisational principles – such as non-violence and the focus on individual cases – during this time.
In 1967 Amnesty experienced a severe internal crisis which prompted the organisation to make structural changes. These changes enabled it to expand its activities beyond Europe to Latin America, including Brazil. This book examines one of Amnesty International’s first major campaigns against torture and the impact this had on the organisation’s development of a new agenda. Bringing a critical and historical perspective on Amnesty’s work, the book contributes to the debate on the role of human rights organisations in addressing human rights abuses worldwide. It makes a significant contribution to international research on state crime, human rights, and torture
A Questão Negra: A Fundação Ford e a Guerra Fria
Wanderson Chaves
Este livro conciso, altamente informativo, aborda um dos legados negligenciados da Guerra Fria: os assentamentos éticos e políticos que delimitam o horizonte de imaginação das soluções antirracistas. O principal objeto do trabalho trafega na fronteira entre a história política e a história das ideias: estratégias norte-americanas de agendamento intelectual, especificamente da frente liberal desse enfrentamento por “corações e mentes”, em sua definição peculiar de modos de pensar e agir em relação à raça. A questão negra traz à tona uma massa de documentação inédita principalmente de arquivos norte-americanos, do Departamento de Estado, CIA e Fundação Ford e de intelectuais como Richard Morse e Florestan Fernandes, para interrogar a construção de “problemáticas raciais” na sua variedade original de objetivos de Guerra Fria: uma entramada rede de investimentos na arregimentação de elites, formação de lideranças, estruturação das Ciências Sociais como tecnologias de reforma social, concepção do princípio particular de “bem-estar” como civilização e modernidade, concepção do “pluralismo racial” como fórmula democrática superior de representação política, defesa do “desenvolvimento” como ideal de justiça, moralidade e congraçamento, a oferta da liberdade como prêmio final pela superação do “atraso social”.
Guerra Fria e propaganda: A U. S. Information Agency no Brasil, 1953-1964
Julio Cattai
Exibições artísticas e intelectuais; publicação de revistas e de material em jornais; produção de filmes e documentários; edição e tradução de livros; construção de centros com bibliotecas, salas de exibição de filmes e anfiteatros; organização de intercâmbio de jornalistas, intelectuais, lideranças estudantis; a “Voz da América” e a coleta de informações com pesquisas de opinião em todo o mundo. Com uma tentacular frente de atuação, a U.S. Information Agency, a agência de informação e propaganda do governo dos Estados Unidos, fez-se presente em países espalhados pelos cinco continentes, incluindo o Brasil. Fundada em 1953, no auge da Guerra Fria, a USIA era parte de uma sofisticada rede de propaganda e de guerra psicológica, elaborada pelos serviços de inteligência dos EUA, que se voltava para a compreensão e mobilização das opiniões públicas acerca de temas como desenvolvimento e democracia, segurança hemisférica, anticomunismo e o American Way como modelo a ser seguido pelos países “subdesenvolvidos” da América Latina e pelo nascente “terceiro mundo”.
O Brasil na Guerra Fria Cultural: o pós-guerra em releitura
Elizabeth Cancelli
Neste livro, Elizabeth Cancelli faz uma releitura do Brasil no período do pós-Guerra. Com acervos documentais inéditos, proporciona ao leitor um redimensionamento da história do país relacionando-a de forma profunda ao rico e conturbado período da Guerra Fria. Trata-se de um exercício de escritura historiográfica que subverte o campo historiográfico hegemônico. Parte da premissa de que o passado não pode ser totalmente significado e que não é algo morto para ser compreendido. Não é, nem pode ser, a sacralização de verdades. Os capítulos que compõem este trabalho, num exercício de construção e reconstrução, abrem a possibilidade de descoberta de novas frentes de pesquisa e de reflexão sobre a história política, cultural e intelectual do Brasil nos anos 1950, 1960 e 1970.
Guerra Fria e política editorial: a trajetória da Edições GRD e a campanha anticomunista dos Estados Unidos no Brasil
Laura de Oliveira
O trabalho, que chega às mãos dos leitores, por meio da Editora da Universidade Estadual de Maringá (Eduem), analisa o programa editorial da GRD (editora de propriedade do integralista Gumercindo Rocha Dorea), especialmente nas décadas de 1950 e 1960. Este é um período em que encontramos uma grande proliferação de textos, documentários, seminários e outros produtos culturais que visavam propagar o anticomunismo, sobretudo no período que antecedeu a instauração da ditadura militar e civil no Brasil, em 1964. A análise empreendedora e problematizadora de Laura de Oliveira demonstra a maturidade intelectual da autora e torna o livro de grande relevância para a historiografia nacional e internacional. Fruto de inédita pesquisa em arquivos no Brasil e nos Estados Unidos, o livro ressalta a ampla campanha anticomunista no Brasil, a permanência do ideário integralista na cultura política brasileira, como também desnuda a participação real e efetiva de lideranças civis no Golpe e na sustentação do Regime Militar de 1964.
O Brasil e os outros: o poder das ideias (e-book)
Elizabeth Cancelli
Este volume convida o leitor a repensar a História do Brasil do pós-Segunda Guerra Mundial, sua vida política, cultural e intelectual, a partir de outra perspectiva, distante e crítica, pelo menos, das teorias do desenvolvimento e do desenvolvimentismo, da glorificação das facetas de progresso social dos anos 1930, 40 e 50, do endeusamento da inclusão social dos trabalhadores e da “nacionalização” da política, bem como da crença nos projetos sociais, econômicos e intelectuais que foram levados a cabo pelos governos, pelas agências nacionais e internacionais e pelas universidades.
Download do e-book em acesso aberto: https://www.academia.edu/37072692/OBrasil_e_os_outros_o_poder_das_ideias